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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Não me chegam as palavras.... (carta de amor)

Amor, eu hoje quis tanto dizer que te amo. Mas não sabia como, de que forma o dizer, de como usar as palavras que me vão parecendo gastas nas inúmeras tentativas de te explicar o que sinto. Amo-te, parece-me pouco, e apesar da grandeza do significado desta palavra, não realiza a minha vontade de te conseguir exprimir na totalidade os meus sentimentos. Fica curto, fica sempre àquem do que desejo, porque me parece impossível transmitir numa só palavra a beleza, a imensidão,  a profundidade destas sensações que dominam todo o meu ser e todos os meus sentidos.
Dizer que te amo muito, eu sei que é bonito, é puro, é sincero, mas chega até a parecer-me banal perante tudo o que o meu corpo sente e a minha alma me diz. E tu respondes que já sabes, que eu já te disse mil vezes, mas o que tu pensas que sabes é apenas o que as palavras dizem na sua leal transcrição, e as mil vezes que eu o diga nunca serão vezes suficientes para mais te fazer compreender, que o que eu sinto, as palavras não conseguem alcançar.
Como posso eu explicar-te em palavras o que sinto quando te vejo? Aquela sensação inexplicável de encontrar uma parte fugida de mim, um outro corpo, que não sendo o meu, parece que ao meu pertence, e que aí, então sim, meu corpo completo, sente nas veias o latejar do sangue que fervilha de excitação pelo simples facto de te ver.
Como posso eu explicar-te em palavras o que me provoca o teu sorriso? Essa tua alegria que me alegra, esse iluminar do teu rosto que me ilumina, esses lábios que sorrindo na tua sensualidade me provocam constantemente no chamamento de um beijo, e eu fico apenas te olhando maravilhado vendo-te na beleza, na pureza do teu sorrir, como se ficasse petrificado perante um Deus surgindo num qualquer altar e eu sem nada conseguir dizer.
Como posso eu, meu amor, explicar-te em palavras, o calor do teu abraço? Ali, onde os corpos se colam, e os meus braços te envolvem, onde te percebo completamente desenhada em minhas mãos, onde te dás em aconchego que procura protecção, e ficas quieta, na demora que se comtempla em plena satisfação.
Como posso eu, meu amor, fazer com que as palavras digam por mim, como és presença constante no meu despertar madrugador, e que a felicidade de apenas pensar em ti se mistura na angústia saudosa de não te ter ao meu lado, de sorrir, por te lembrar, mas entristecer ao ver o espaço vazio na minha cama que eternamente espera o teu calor.
Como te direi, com palavras, que os meus dias são vividos pensando em como vives os teus, que fazes no Inverno um dia de Primavera com um simples contacto teu, e que ouvir a tua voz em momento inesperado é como se caminhos se abrissem onde nem sequer existiam apenas para eu passar correndo na tua direcção, como se todos os jardins florissem de repente dando colorido à minha vida tão sequiosa de ti.
Como posso dizer-te, meu amor, com palavras, com simples palavras, que a noite, sendo tão triste na tua ausência, é alegria na ansiedade da longa espera do dia na tão remota possibilidade de eventualmente falar contigo, de me sentir mais perto sabendo que não te posso alcançar, vivendo a intensidade em cada segundo de partilha, de palavras, apenas palavras, aquelas mesmas palavras das quais eu me queixo de nada conseguirem de mim dizer.....
Talvez, meu amor, talvez. Talvez as palavras de nada valham...... mas são elas que me restam e a única forma que tenho para tentar chegar cada vez mais dentro de ti..... Porque não tenho um beijo, onde te possa beijar, e deixar em teus lábios a ternura e o carinho que te possa fazer sentir, porque não tenho o teu corpo, para simplesmente te amar, e não precisar de palavras no silêncio da paixão excitante de acariciar, viver e sentir, cada pedaço teu, numa orgia dos sentidos, da fantasia, da imaginação, perdendo-me completamente de mim para ser teu apenas, e tu só minha, dedicando todos os momentos num querer tanto fazer-te feliz.
Será sem palavras, minha querida, que um dia eu te direi o quanto te amo. Só eu, e tu, entenderemos esse momento, porque olharás no meu olhar e conseguirás ler a minha alma, o mais profundo do meu ser, e nesse dia irás então perceber melhor que as palavras não chegam, nem nunca chegarão, para dizer tudo o que realmente eu sinto por ti.

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