Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A ÁRVORE SOLITÁRIA

No alto daquela serra, frondosa e verdejante,
onde Pena e Mouros são eternos guardiões.
Existe uma árvore, crescendo isolada,
e bem junto de si uma pedra gravada,
guardando no tempo breves inscrições.

Sentinela vigilante no cimo da serra,
Vendo e ouvindo calada o que o mundo diz.
Seu tronco tão firme, erecto e tão forte,
natureza criada nascida da morte,
das cinzas de um homem que são sua raiz.

Quem a tempos, ali passa e a vê tão altiva,
desconhece seu segredo macabro mistério.
Dois ramos, como braços abertos de madeira,
abraçam ternamente um pé de roseira,
de rosas fugidas a um qualquer cemitério.

São rosas vermelhas de sangue tingidas,
que vão nascendo no ano em qualquer momento.
São corações em pétalas que então vão caindo,
e a terra húmida aos poucos vão cobrindo,
como um manto bordado no seu sofrimento.

Outras árvores mais perto que já ali estavam,
quando esta foi plantada em gesto de ternura.
Acabaram morrendo de fome e de frio,
e em seu redor deixaram apenas o vazio,
simbolismo da vida em solitária sepultura.

Ela cresce lentamente e já toca no céu,
Como mão estendida para alcançar uma estrela,
que no dia apagado pela calma noite cintila,
olhando para a serra do paço da vila,
já todos agora conseguem então vê-la.

E ali continua firme aquela fiel eremita,
que de dor e morte nascida, pelos anos se ergueu.
Contam-se agora, pelas bocas, histórias,
como lenda contada em infindáveis memórias,
mas ninguém sabe ao certo, que aquela árvore sou eu.

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