Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

DOM JULIÃO, O AVARENTO

Lá longe, por entre vales e montes,
chegava-se à Herdade das Fontes,
de um tal Dom Julião.
Diziam que ele era importante,
vivia num palácio brilhante,
com um imponente portão.

Diz quem em tempos o conheceu
que sempre sózinho ali viveu,
nunca quis mulher nem filhos.
Lá perto, pelas ruas da aldeia,
sempre se falou à boca cheia,
que era um homem de sarilhos.

Consta, para se dizer a verdade,
que ele herdou aquela herdade,
duma tia velhota que já morreu.
Foi pra lá ainda muito novo,
nunca se misturou com o povo,
e poucas vezes ele apareceu.

Dizem que quando ele lá chegou
um novo negócio inventou,
sem quase nada gastar.
Mas depressa ele fez milhões
com garrafas e garrafões,
e água das fontes para engarrafar.

Tinha tudo, dinheiro  a rodos
mas sempre discutia com todos
os empregados, mais de cem.
Nunca emprestou um tostão,
nunca deu sequer um pão,
nem um copo de água a ninguém.

Estava sempre a resmungar
na ânsia de querer mais poupar
para juntar ao que amealhou.
Mas um dia, as fontes secaram,
logo todos o abandonaram,
nunca mais alguém lá voltou.

Agora que já está velho e doente,
vai pedindo a toda a gente,
se alguém dele pode cuidar.
Tem dinheiro, mas resmungão,
falta-lhe a boa educação,
ninguém o quer aturar.

Apesar do dinheiro que ganhou,
nem nunca um carro comprou,
anda montado num jumento.
Por isso o povo diz com graça,
quando o vê passar na praça,
Lá vai Dom Julião, o avarento.





segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A RITA VAIDOSA

A Rita, era tão bonita,

punha no cabelo uma fita,

vestia um vestido rodado,

bem bonito, encarnado.

E num jeito bem airoso,

punha um perfume cheiroso,

apenas para ir brincar.

Ninguém lhe podia tocar!

Não a fossem amarrotar,

Nem um casaco vestiu,

para o vestido mostrar...

Preferia passar frio,

andava a tiritar.

Estava constantemente,

a arranjar o cabelo...

A Rita tinha a mania,

de que ía ser modelo,

ser famosa, manequim,

E andava pelo jardim

como se fosse a desfilar.

Mas as amigas estavam fartas,

e não queriam mais brincar.

Já não tinham paciência

para a ouvir falar.

Mas a Rita, tão bonita,

ajeitava  a sua fita

sacudia os  cabelos no ar.

Mas o problema da Rita,

por saber que era bonita,

não se preocupava em estudar.

E assim a Rita cresceu

nada de jeito aprendeu

e nem se conseguiu formar.

Vivia só de vaidade,

e naquela ansiedade,

de ser capa de revista.

Mas o tempo foi passando,

E a Rita ficou chorando,

por não ter qualquer conquista.

Um dia por acaso encontrou,

as amigas com que brincou,

e com as quais ela gozava.

A Lorena era já doutora,

e a Inês uma senhora,

que numa empresa mandava.

Gostavam de viajar,

conhecer outros países,

eram mulheres felizes,

Com vidas bem interessantes.

Já a Rita, vivia aflita,

continuava a usar a fita,

Mas não era bonita como antes.

Pois de nada lhe serviu,

viver apenas prá vaidade.

O futuro, foi aquilo que se viu

a beleza com os anos partiu,

e ficou a realidade.