Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Não me chegam as palavras.... (carta de amor)

Amor, eu hoje quis tanto dizer que te amo. Mas não sabia como, de que forma o dizer, de como usar as palavras que me vão parecendo gastas nas inúmeras tentativas de te explicar o que sinto. Amo-te, parece-me pouco, e apesar da grandeza do significado desta palavra, não realiza a minha vontade de te conseguir exprimir na totalidade os meus sentimentos. Fica curto, fica sempre àquem do que desejo, porque me parece impossível transmitir numa só palavra a beleza, a imensidão,  a profundidade destas sensações que dominam todo o meu ser e todos os meus sentidos.
Dizer que te amo muito, eu sei que é bonito, é puro, é sincero, mas chega até a parecer-me banal perante tudo o que o meu corpo sente e a minha alma me diz. E tu respondes que já sabes, que eu já te disse mil vezes, mas o que tu pensas que sabes é apenas o que as palavras dizem na sua leal transcrição, e as mil vezes que eu o diga nunca serão vezes suficientes para mais te fazer compreender, que o que eu sinto, as palavras não conseguem alcançar.
Como posso eu explicar-te em palavras o que sinto quando te vejo? Aquela sensação inexplicável de encontrar uma parte fugida de mim, um outro corpo, que não sendo o meu, parece que ao meu pertence, e que aí, então sim, meu corpo completo, sente nas veias o latejar do sangue que fervilha de excitação pelo simples facto de te ver.
Como posso eu explicar-te em palavras o que me provoca o teu sorriso? Essa tua alegria que me alegra, esse iluminar do teu rosto que me ilumina, esses lábios que sorrindo na tua sensualidade me provocam constantemente no chamamento de um beijo, e eu fico apenas te olhando maravilhado vendo-te na beleza, na pureza do teu sorrir, como se ficasse petrificado perante um Deus surgindo num qualquer altar e eu sem nada conseguir dizer.
Como posso eu, meu amor, explicar-te em palavras, o calor do teu abraço? Ali, onde os corpos se colam, e os meus braços te envolvem, onde te percebo completamente desenhada em minhas mãos, onde te dás em aconchego que procura protecção, e ficas quieta, na demora que se comtempla em plena satisfação.
Como posso eu, meu amor, fazer com que as palavras digam por mim, como és presença constante no meu despertar madrugador, e que a felicidade de apenas pensar em ti se mistura na angústia saudosa de não te ter ao meu lado, de sorrir, por te lembrar, mas entristecer ao ver o espaço vazio na minha cama que eternamente espera o teu calor.
Como te direi, com palavras, que os meus dias são vividos pensando em como vives os teus, que fazes no Inverno um dia de Primavera com um simples contacto teu, e que ouvir a tua voz em momento inesperado é como se caminhos se abrissem onde nem sequer existiam apenas para eu passar correndo na tua direcção, como se todos os jardins florissem de repente dando colorido à minha vida tão sequiosa de ti.
Como posso dizer-te, meu amor, com palavras, com simples palavras, que a noite, sendo tão triste na tua ausência, é alegria na ansiedade da longa espera do dia na tão remota possibilidade de eventualmente falar contigo, de me sentir mais perto sabendo que não te posso alcançar, vivendo a intensidade em cada segundo de partilha, de palavras, apenas palavras, aquelas mesmas palavras das quais eu me queixo de nada conseguirem de mim dizer.....
Talvez, meu amor, talvez. Talvez as palavras de nada valham...... mas são elas que me restam e a única forma que tenho para tentar chegar cada vez mais dentro de ti..... Porque não tenho um beijo, onde te possa beijar, e deixar em teus lábios a ternura e o carinho que te possa fazer sentir, porque não tenho o teu corpo, para simplesmente te amar, e não precisar de palavras no silêncio da paixão excitante de acariciar, viver e sentir, cada pedaço teu, numa orgia dos sentidos, da fantasia, da imaginação, perdendo-me completamente de mim para ser teu apenas, e tu só minha, dedicando todos os momentos num querer tanto fazer-te feliz.
Será sem palavras, minha querida, que um dia eu te direi o quanto te amo. Só eu, e tu, entenderemos esse momento, porque olharás no meu olhar e conseguirás ler a minha alma, o mais profundo do meu ser, e nesse dia irás então perceber melhor que as palavras não chegam, nem nunca chegarão, para dizer tudo o que realmente eu sinto por ti.

ALEGORIA SARCÁSTICA AO AMOR

Amor??? Para que serve o amor na vida?
Se ele não alimenta, não é comida,
não enche a barriga, não satisfaz....
O amor é como pedra no calcanhar,
que implica e não nos deixa andar,
que não nos dá calma nem paz.

Com o amor ninguém paga a renda,
não serve para troca numa venda,
não paga compras do supermercado.
O amor é uma moda já muito antiga,
tema de qualquer trova ou cantiga,
que agora já nem sequer é cantado.

O amor é puro devaneio dos loucos,
que se vão consumindo aos poucos,
dentro dessa contagiante loucura.
Amor é caminho sem sentido,
é corpo constantemente ferido,
em sofrimento e em tortura.

Com amor não se pagam viagens,
são constantes e cansativas paragens,
nesta pressa de querer tanto viver.
O amor é cão vadio, moribundo,
que anda pelas bocas do mundo,
porque nada mais há para dizer.

O amor não é cheque que pague hotel,
É um amargo sabor do fel,
que perdura e se farta na boca.
O amor é desvio do que é mais certo,
é ficar mais longe do perto,
é escolha de gente tão louca.

O amor nunca será um sorriso,
porque amar não é nenhum paraíso,
como querem por aí fazer crer.
O amor é dor crónica e constante,
no corpo de quem se diz amante,
mas passa toda a vida a sofrer.

O amor só pode ser um sarcasmo,
nunca poderá ser um orgasmo
explosão da vida em sentimento.
O amor é triste e pura fantasia,
que nos consome em agonia,
que nos devora em tormento.

O amor, só serve bem na pobreza,
porque é a única riqueza
que um pobre consegue ter.
Oh amor, tu só podes ser piada,
porque mesmo quem não tem nada,
Diz sem ti não querer viver.

TANTA GENTE E NINGUÉM....

No areal da praia, já não encontro o meu mar,
apenas areia molhada, como lágrima cansada,
numa noite inteira a chorar.
Já não há sol brilhando na água em prata,
que vai aquecendo a vida num terno calor.
Há apenas o silêncio, que tortura e mata,
há impaciência, há desgosto, há dor.
Ausência que se avoluma, em realismo,
corpo desequilibrado à beira do abismo.
Já não há nada, não há tempo, não existo...
Sou página de livro não lido,
que à fúria do tempo não resisto.
Os ponteiros do relógio persistente,
que teimam em querer parar....
Ali, na multidão, tanta gente,
e ninguém me vê chegar.
Há uma gaivota que passa gritando,
talvez também procurando o meu mar...
Há um coral, se desfazendo,
como um sonho que vai morrendo,
por já não saber sonhar.
Há tanta gente que passa apressada,
numa pressa que eu nem entendo....
Gente sorrindo, fingindo, não compreendo.
Parecem meros figurantes,
dum filme da vida em comédia....
Tanta gente, tão diferente,
não há amantes, só tragédia.
Já não posso deitar-me e tapar-me com a água,
das ondas que vinham cobrir-me de sal.
Fiquei tão só, mergulhado na mágoa,
na inquietação infinita dum solitário natal.
E nem sei se as vozes que oiço chamando,
estão na verdade a chamar por mim....
porque as pessoas passam e eu vou ficando,
nas lágrimas contidas que nem vou chorando,
mas que se acumulam sem fim.
Já nem vejo o meu mar, na noite se escondeu.
E não me interessa essa gente, que vai e que vem....
Eu sou filho do vento, sou só sofrimento,
para quê tanta gente se eu não tenho ninguém.


A ÁRVORE SOLITÁRIA

No alto daquela serra, frondosa e verdejante,
onde Pena e Mouros são eternos guardiões.
Existe uma árvore, crescendo isolada,
e bem junto de si uma pedra gravada,
guardando no tempo breves inscrições.

Sentinela vigilante no cimo da serra,
Vendo e ouvindo calada o que o mundo diz.
Seu tronco tão firme, erecto e tão forte,
natureza criada nascida da morte,
das cinzas de um homem que são sua raiz.

Quem a tempos, ali passa e a vê tão altiva,
desconhece seu segredo macabro mistério.
Dois ramos, como braços abertos de madeira,
abraçam ternamente um pé de roseira,
de rosas fugidas a um qualquer cemitério.

São rosas vermelhas de sangue tingidas,
que vão nascendo no ano em qualquer momento.
São corações em pétalas que então vão caindo,
e a terra húmida aos poucos vão cobrindo,
como um manto bordado no seu sofrimento.

Outras árvores mais perto que já ali estavam,
quando esta foi plantada em gesto de ternura.
Acabaram morrendo de fome e de frio,
e em seu redor deixaram apenas o vazio,
simbolismo da vida em solitária sepultura.

Ela cresce lentamente e já toca no céu,
Como mão estendida para alcançar uma estrela,
que no dia apagado pela calma noite cintila,
olhando para a serra do paço da vila,
já todos agora conseguem então vê-la.

E ali continua firme aquela fiel eremita,
que de dor e morte nascida, pelos anos se ergueu.
Contam-se agora, pelas bocas, histórias,
como lenda contada em infindáveis memórias,
mas ninguém sabe ao certo, que aquela árvore sou eu.

domingo, 27 de dezembro de 2015

O amor é mesmo assim.....

O amor é mesmo assim....
É um estado de ser e não ser,
é morrer querendo viver,
é chorar querendo sorrir,
é ficar querendo partir,
é dor enquanto alegria,
é noite nascendo em dia,
é grito em garganta calada,
é canção nunca cantada,
é calma na inquietação,
é tristeza na alegre emoção,
é boca sedenta de beijo,
é abraço vazio em desejo,
é luar na escuridão,
é sangue sem coração,
é tempo em relógio parado,
é futuro sem ter passado,
é fraqueza resiliente,
é espera impaciente,
é sonho sem fantasia,
é amargura em pura orgia,
é força sem ter coragem,
é voltar só de passagem,
é sentir sem sentimento,
é fugir num só momento,
é agonia em paciência,
é burrice em inteligência,
é poema sem poeta,
é profecia sem profeta,
é certeza na ilusão,
é antagónica contradição,
é arco iris sem cor,
é roseira sem dar flor,
é ficar sentindo saudade,
é paz na ansiedade,
é principio e fim da estrada,
é um tudo e não é nada,
é um não querendo um sim,
o amor é mesmo assim.

sábado, 26 de dezembro de 2015

PARTIDA, SEM QUERER PARTIR

Não, não procures mais por mim,
já não me vais encontrar,
à mesma hora,
esperando por ti,
no mesmo lugar.
O cigarro já ardeu,
e eu,
não pude mais esperar.
Estou cansado, então parto,
mesmo querendo ficar.
O teu telefone, calado,
não tem o toque constante,
de quem não sendo amado,
apenas quis ser amante.
Já não serei empecilho,
serei página volvida...
Seguirei, novo trilho,
embora siga sem o brilho,
que deste à minha vida.
É o tempo que me diz,
que não tens tempo para mim...
Não é meu tempo de ser feliz,
mas tudo o que eu mais quis,
foi negar sempre este fim.
Sim, eu parto,
mas vou triste, sou sincero.
Antes de ser rejeitado...
porque sei que não me quero,
não me sentir desejado.
Ou saber até em segredo,
que me desejas com medo,
nessa forma tão decidida,
em que vives tua vida.
Não estarei mais aqui....
Não sei onde vou estar....
Apenas parti, sem voltar....
Levarei, é verdade, o teu rosto,
não consigo deixar de o ver...
Ele tem tudo o que eu gosto...
Coisas que ninguém vai entender...
O teu olhar, o teu sorriso,
tanta falta me farão
Eu sei que pouco preciso,
mas terei de dar juízo,
ao meu louco coração.
Partirei, de novo sozinho,
mas nem sei qual o caminho,
pelo qual eu vou seguir....
Vou deambular pela sorte,
e se me cruzar com a morte,
dela não irei fugir...
Porque nada me faz sentido...
Já perdi tudo o que tinha,
e o que nunca cheguei a ter.
Ando na vida perdido,
sem motivo para viver.
Não quero as tuas lágrimas,
não quero ser tua dor...
Quis tanto ser o teu mundo,
quis apenas lá no fundo,
ser o teu maior amor.
Mas a vida nunca é,
o que queremos que seja....
Eu vivi a pontapé,
se por graça fui José,
não fui gente que se deseja.
Não interessa, nada importa,
nesta hora de partida....
Custa sim fechar a porta,
A minha alma não está morta,
apenas me morreu a vida....
Ao ter de me convencer,
que nada há a fazer,
só me resta a despedida.
Não me servirá de consolo,
se um dia te aperceberes,
no meio dos teus afazeres,
que alguma falta te faço....
Porque já não poderei receber,
o calor do teu abraço.
Se desejares sentir-te,
amada como eu te amo,
porque não te vejo,
já não te chamo.
É hora de partir,
hora de dizer-te adeus...
Meu comboio está a chegar....
Que eu tenha força meu Deus,
para conseguir virar costas,
sem que me vejas chorar.
Parte de mim já partiu,
Outra parte aqui ficou,
Foi só dor que meu corpo sentiu,
mas afinal aqui estou.
Sou um todo corpo aberto,
vem, por favor, p'ra te sentir...
Porque estou cada vez mais certo,
que enquanto te tiver por perto,
não mais quererei partir.

Se, amor.... não é amar....

Se.....
Se eu acordo algumas vezes na noite inquieto,
e se a manhã contigo em ideia me vem despertar,
e se cada um desses momentos, me faz logo pensar em ti....
Em que devo acreditar?

Se....
Se cada segundo, cada minuto, cada hora do dia
são apenas a contagem infinita, que canso de contar....
na ansiedade da tua espera, que vive no meu silêncio..
Em que devo acreditar?

Se....
Se tudo em meu corpo clama por ti, e se diz desejo,
se tudo fôr um abraço, se fôr um beijo que fica por beijar...
e se tudo em mim é agora sonho partilhado contigo,
Em que devo acreditar?

Se....
Se o espaço entre os meus braços fica agora tão vazio,
na ausência do teu corpo, na saudade de te abraçar...
e se sem ti eu me perco e já nem me imagino,
Em que devo acreditar?

Se...
Se nas minhas dores, ou tormentos, pensar em ti me acalma,
se na escuridão és a única luz que sorrindo me vem iluminar...
se viver, sem te ter, é um não fazer sentido....
Em que devo acreditar?

Se....
Se me dizes, talvez com medo, que sou eu que ando baralhado,
quando digo que te amo, e és tu que não queres acreditar....
Se tudo o que sinto, é tão lindo, e me faz estar enganado...
Então, sim, acredito,
que sou eu, que já não sei o que é amar...




sábado, 19 de dezembro de 2015

O MEU MAR

O meu mar, não é meu....
deste mar sou apenas fiel guardião.
Guardo cada onda que vai e que vem,
como se guardasse em mim também,
o teu corpo na minha solidão.
Deixo nesta areia molhada,
pegadas incertas do meu caminho.
Apenas te quero encontrar...
Porque não sei estar sozinho,
porque este não é o meu mar.
O meu mar és tu, meu amor,
só em ti me sei navegar...
Sou sem ti, uma tela sem cor,
Sou sem ti, uma planta sem flor,
eu sem ti não sei amar.
O meu mar, não é meu....
Apenas o guardo para ti.....
Porque ele me diz que é teu,
a mim, apenas me deu,
saudades de te ter aqui.
No marulhar destas águas,
consigo ouvir tua voz...
Elas acalmam-me as mágoas,
e apenas me falam de nós.
Este azul, brilhando em prata,
onde desenho teu rosto...
Este mar que me maltrata,
quando tua ausência me mata,
e me tira o que mais gosto.
O meu mar, é o nosso mar...
Só ele conhece meu desejo...
É nele que te quero encontrar,
É nele te que te quero abraçar,
e perder-me então no teu beijo.
O meu mar, apenas me diz,
para te esperar em segredo.
No nosso mar eu serei feliz,
porque se algum erro eu fiz,
foi amar-te, amor, sem medo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

MULHER MENINA, MULHER MÃE

Gosto de ouvir, de te ler na verdade,
Gosto de sentir a tua bondade.
Palavras simples, mas puras,
de quem na vida sofreu....
que chorou as amarguras,
que nunca se escondeu.
Gosto de imaginar teu sorriso...
De perceber teu olhar...
de nada mais eu preciso,
para te saber, para te encontrar.
Ler em ti essa virtude,
de querer vencer a vida.
Esse rasgar a juventude
o não se dar por vencida.
Perder o colo, ficar sozinha,
para te dares a alguém,
Tornares-te mulher, rainha,
por um ser no teu ventre, mulher mãe.
Gosto de sentir o teu jeito...
Jeito de mulher menina
conversa de menina mulher...
Como tino que desatina,
sabendo tão bem o que quer...
Essa forma meiga de ser...
Esse amor que tens para dar...
Essa paixão por viver,
mesmo quando o teu sofrer,
te obriga a tanto lutar.
Assim eu te gosto...
que bom falar contigo...
E assim eu me quero,
para ti sincero, para ti amigo.
O destino nos tira...
Mas o destino nos traz,
pessoas que como tu,
nos dão momentos de paz.
É neste gostar que te sinto...
neste poema a ti me dou...
Eu me perdi, não te minto,
mas o teu ser me encontrou.
Deixa-me levar-te em mim...
nas palavras que possamos escrever.
Seremos apenas, assim,
sempre um principio sem fim,
de um imaculado desejo,
Ah esta vontade não finda,
Serás sempre mulher linda,
pois no que escreves te vejo.
No meu peito te guardarei,
com a mais terna emoção.
Faça a vida o que fizer,
serás sempre uma mulher,
que respeito com admiração,
e enquanto meu corpo puder,
levar-te-á no coração.



MÂE BRINQUEDO (dedicado a Bia Barreto)

Ei, tu aí menino,
vem cá não tenhas medo...
Deixa-me contar-te um segredo...
Sabes, meu pequenino,
tu tens sorte porque o destino,
a ti muito te quis dar.
Tens bolas, bicicleta,
carros e trotineta,
tanta coisa para brincar....
Fico feliz por ti,
porque a vida te sorri...
mas conheço outro menino,
que não pára de chorar.
Porque é que ele chora?
Da tristeza de não ter,
o que tu tens demais...
Ele aprendeu a fazer,
brinquedos de coisas banais.
Os paus, as pedras, a rua,
são para ele especiais.
E como ele, outros conheço,
vivendo dessa maneira
em que tudo é recomeço,
tudo serve para brincadeira.
Por isso quero falar contigo.
Preciso da tua ajuda...
Quero de ti um gesto amigo,
que sendo pouco, muito muda.
escolhe um brinquedo teu antigo,
com que já não queiras brincar,
e embrulha como presente.
para a outro menino dar.
Verás como fica contente,
quando o desembrulhar.
fosse assim com toda a gente,
não haviam meninos a chorar.
E se disseres a mais meninos,
para o fazerem também?
Pede ajuda ao pai, à mãe...
E no fim juntos teremos,
muitos brinquedos para dar.
Não achas que vai ser giro?
Não vale a pena tentar?
-  Tens razão, senhora,
é isso que eu vou fazer....
diz-me apenas teu nome,
de ti não me vou esquecer.
O meu nome não interessa,
guarda apenas nosso segredo,
Tu serás o meu menino
eu serei a Mãe Brinquedo.


EM TEU NOME....

Morre-me o tempo quando não te vejo....
A manhã fica cinzenta e o sol não brilha.
Rasgam-se em mim saudades de um beijo,
Tanto sonho que se fica no meu desejo,
A vontade eterna de uma total partilha.

Anoitecer sem ti já não faz sentido,
Luas vadias num céu sem estrelas.
Eu sinto-me no meio da noite perdido
Xadrez onde sou rei vencido
Amarras que não sei prendê-las
Não me encontro onde me percorri,
Dei-te de mim um amor sem tamanho
Revolta constante de estar sem ti
Amanhecer é triste porque não te tenho

Dá-me então um pouco do teu sorriso.
Um breve suspiro para eu respirar...
A minha cama está fria sem o teu calor.
Ri comigo, é só o que eu preciso
Traz contigo o que me faz completar
E dá-te desprendida ao meu amor.

Saberei agora eu viver sem ti?
Inda que seja tão pouco o que me dás?....
Levo comigo a calada dor da tristeza,
Volto e sei, ainda com maior certeza
A falta que a tua presença me faz.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

CANSAÇO


Ando escondendo que estou triste,
parecendo aos outros tão forte.
Mas dentro de mim só existe,
Um desejo tão grande de morte.

Tento olhar para o meu futuro,
Tento encontrar a esperança.....
Mas de bom já eu nada auguro,
só tempestade sem bonança.

É um cansaço de estar vivo,
Este peso de tanta bagagem...
Já não encontro um motivo,
para seguir esta viagem.

Tenho no corpo tantas feridas,
que não páram de sangrar.
Tantas dores, de tantas vidas,
que eu vivi sem desejar.

Agarro-me a um frágil fio,
que me leve a um novo amor.
Mas de mim próprio me rio,
pois é planta sem dar flor.

Sou assim para toda a gente,
Um grande exemplo de coragem.
Só eu sei como se sente,
o meu corpo em passagem.

É tão dúbio meu pensamento,
que ainda por vezes me diz,
Que se aguentar o tormento,
poderei ainda ser feliz.

Mas carregar nas minhas costas,
esse fardo triste dum passado.
Faz com que fiquem expostas,
memórias que eu tinha guardado.

Brevemente chegará então a hora,
um momento para decidir.
Se realmente me vou embora,
ou se desistirei de partir.

Estou cansado, já não quero,
adormecer apenas para acordar.
Eu só me sei ser sincero,
não quero viver sem amar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SOU, MEU GRITO

Sim, eu sei,
que tudo aquilo que hoje eu sou,
é uma pálida semelhança do que fui outrora.
Em tempos fui vida,
hoje sou apenas breves minutos,
que se perdem numa hora.
Sou incerteza em dúvidas,
sou as razões da certeza,
Sou o reencontro da paz,
numa profunda tristeza.
Sou um saber inquieto,
de quanto mais eu me saiba,
cada vez menos me sei.
Sou como casa sem teto,
que não cheguei a ser lar,
donde saí mal entrei.
Assim me aceito...
sem saber se me quero....
Sou dor calada no peito,
que doendo já nem tem jeito,
de me negar ser sincero.
Já nem choro...
Mas também não imploro...
Sou apenas da soma resultado,
um valor acrescentado,
a tudo o mais que já vivi.
Sou a luz apagada,
dos momentos em que sofri,
sou trilhar da nova estrada,
que a bem ou mal eu segui.
Sou talvez eu, talvez tão pouco,
sou a feliz lucidez,
na cabeça de um louco.
Sou o meu sentir....
Sou o meu estar......
Sou o partir, sou o ficar....
Olho as mãos, nada tenho,
excepto marcas do cansaço...
Cicatrizes de cada passo...
Contudo, abro meu corpo,
e ao futuro eu me estendo....
Pois não me nego,
não me arrependo.
Sou a calma ironia,
do que não sei esquecer.
sou a espera dum novo dia,
Quando meu corpo em orgia
dentro de mim renascer.
Sou mil vezes sofrimento,
Uma corda cheia de nós....
Sou fé calando o tormento,
soltando de novo ao vento,
Meu grito solto na voz.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

VEM, QUE EU SOU ESPERA

Vem,
Que os meus braços abertos esperando por ti,
São como troncos despidos e tristes
de árvore que aguarda silenciosamente a Primavera.
Porque o meu corpo gela, frio,
neste abraço tão vazio,
dum beijo que desespera.

Vem,
Que o relógio do meu tempo ficou parado,
na angústia incerta do teu chegar,
procurando a tua presença em retrocesso.
Porque a boca já se cala,
o corpo não sente nem fala,
na ânsia do teu regresso.

Vem,
Que as minhas mãos estão vazias e perdidas
como aves que voam sem certo destino,
em voo peregrino de promessa de viagem.
Porque tudo em mim me impele,
em querer sentir tua pele,
em desenhar tua imagem.

Vem,
Que o meu grito saudoso  não me sai em voz,
mas rasga-me o peito dorido,
onde quero o teu rosto num suave adormecer.
Porque não tenho existência,
sou página em branco na tua ausência
poema calado que não se sabe escrever.

Vem,
Que eu sou como um rio correndo num leito,
numa pressa incansável obsessiva
de tão simplesmente em ti eu querer chegar.
Porque não me sei fingir,
e me quero apenas fundir,
deixar de ser rio entrando em teu mar.

Vem,
Que eu sou porta entreaberta na espera feliz,
numa saudade gritante calada,
que entres de vez em mim e tranques a porta.
Porque tudo em mim, nesta hora
te pede que venhas e não vás embora,
porque o resto do mundo já não importa.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

EU NÃO ME CANSO DE TE AMAR

(Tema de canção)

Eu não me canso, nunca de esperar por ti
porque por ti, vale sempre a pena esperar
Porque tu és o mais lindo sonho que eu vivi
és o melhor que alguma vez eu já senti,
esperarei por um só segundo para te amar.

Eu não me canso de dizer quanto te amo,
Digo mil vezes e parece sempre pouco.
Porque é teu nome, que no meu silêncio chamo
É o teu corpo que no meu frio sempre reclamo
Mesmo que penses que eu sou um homem louco

Eu não me canso, nem um minuto sequer
de pensar em ti e de te querer a toda a hora
porque tu és o meu sonho de mulher,
se não te tiver, então meu coração chora.

Eu não me canso de te ouvir sempre a falar
de olhar teu rosto e de ver o teu sorriso
Porque tu és a razão certa do meu ficar,
És o amor que eu mais quero amar,
pois tu és tudo o que eu preciso

Eu não me canso de esperar eternamente
por um pedaço do teu amor do teu carinho
Porque tu és o meu mais lindo presente
tu és constante em minha mente
tu és a luz do meu caminho

Eu não me canso, nem um minuto sequer
de pensar em ti e de te querer a toda a hora
porque tu és o meu sonho de mulher,
se não te tiver, então meu coração chora.

Eu não me canso de te amar minha querida
Vive em meu peito este amor que é tão bonito
Porque se tu me obrigares à despedida,
estarás então a roubar-me a própria vida,
mas este amor por ti será infinito.

domingo, 6 de dezembro de 2015

EU E TU

(Tema para canção)

Eu e tu,
somos principio de um amor que não tem fim
Eu sou tua metade, tu és metade de mim
somos atores de uma história do nosso destino
Eu e tu
Somos um mundo de palavras sem segredos
Eu sei os teus receios, tu sabes os meus medos
somos duas almas unidas num corpo peregrino.

Eu e tu
somos o vento forte  nos mares dum oceano,
tu és a música e eu sou o teu piano
somos romance de um livro ainda por escrever.
Eu e tu
somos o dia que volta sempre ao despertar,
Tu és manhã e eu sou a tarde, para te amar
Somos o sonho que nos abriga ao anoitecer.

Eu e tu
somos o brilho num olhar cheio de esperança
Tu és a luz eu sou o palco da tua dança
Somos os lábios murmurando um longo beijo
Eu e tu
somos pedaços nesses braços da saudade
Tu és meu sonho eu sou a tua realidade
Somos segredos de dois corpos em desejo

Eu e tu
seremos sempre nossa eterna fantasia
Tu serás meu canto eu serei tua poesia
Seremos sempre um adiar para depois
Eu e tu
seremos sempre dos amores o mais sublime
serás pecado eu o perdão que te redime
nada seremos se não formos sempre os dois.

sábado, 5 de dezembro de 2015

SOU? O QUE SOU?

Sou, o que sou, meio complicado e confuso,
meio louco, meio sério, meio obtuso.
Sou demasiado pensante, talvez delirante,
julgo-me poeta, julgo-me profeta,
Romântico incurável, insaciável,
painel em abstracto, tão sensível ao tacto.
Semente sem raiz, em árvore me fiz,
retalhos de dores, colhidos em amores,
sonhador tão sofrido, mas em fé reerguido.
Alimento quimeras, chovo Primaveras,
Sou caçador furtivo, caçando um motivo,
renego o marfim e metade de mim,
Não me compreendo, não me entendo,
já não me minto, já não me sinto,
Sou um barco sem mar, sem poder navegar,
Sou uma estrela cadente, luz intermitente,
Sou ave que grita, na noite escura e aflita,
Sou restos de um ser, que não sabe viver
Sou um tudo e sou nada, perdido na estrada,
já nem me ralo, já não me calo,
não aceito a mentira, essa arma que fira,
Sou amante num beijo, errante em desejo,
sou breve melodia, acordes em agonia,
Já não me nego, já não me entrego,
já não me vendo, já não me vou tendo.
Sou meio novo e velho, sou metade do espelho,
Sou, talvez serei, sempre metade do que me sei.

VISITA DE DOMINGO À TARDE (poema dedicado à, também minha, avó Mimi)

Aqueles olhos, já pequenos,
escondidos nas rugas de tanto olhar,
que hoje sabem melhor ver,
não conseguiram esconder
um ligeiro e terno brilhar,
quando numa tarde de domingo,
me viram chegar....
Cheguei num tempo, prometido,
que não queria adiar,
pelo receio escondido,
que o destino enfurecido,
já não me deixasse ali estar.
Mas finalmente ali estava,
momento de pura magia,
e a voz calma e cansada,
falava duma paixão passada,
tão plena de alegria.
Tantas histórias de um passado,
tanta coisa de um longo viver.
Eu escutava, entusiasmado,
apaixonado, deliciado,
com o tanto por dizer....
E a sua mão, tremendo,
agarrada à minha mão....
Segurava a minha alma,
chegava ao meu coração....
Eram momentos perfeitos,
de pura e terna emoção.
Eram palavras sem fim,
numa voz doce e macia,
que entravam dentro de mim
em jeito de nostalgia.
numa descoberta profunda,
de um ser maravilhoso,
uma enciclopédia de vida...
que eu ouvia em delírio,
e as queixas, as dores, o martírio,
a que a idade não perdoa,
onde o lúcido pensamento,
suporta tanto tormento,
mesmo que o corpo lhe doa.
A vontade da desistência,
na fugaz fraqueza da sorte,
A falta de paciência
para esperar pela morte.
Mas a voz, e o olhar,
falavam de outra maneira,
numa vontade de ficar,
para poder ensinar,
como se vive uma vida inteira.
Noventa anos de dias,
revividos numa só hora....
e o carinho que senti,
como que me prendia ali,
não me deixando ir embora.
Em promessas mútuas de vida,
no tempo que resta aos dois,
Um beijo, na despedida,
Um desejo, na partida,
que voltaria depois.
E saí de alma cheia,
pensamento em turbilhão...
como arrumar tanta ideia?
Como sentir tanta emoção?
O meu Deus como aprendi....
o real valor desta vida.....
o caminho que eu percorri,
comparado com o que ouvi,
É uma estrada perdida...
Dum não saber até quando,
se alguma vez chegarei....
a entender em plenitude,
aquele ser humano em virtude,
mulher tão querida que amei.
Agora só desejo voltar,
num domingo à tarde, ou não.
Porque me fica doendo no peito,
ao pensar, que de algum jeito,
só possa ficar recordação.




sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

AMOR LOUCO E ESTRANHO (Tema para dueto)

ELA
Sim amor,
Há quanto tempo a minha vida estava triste e apagada,
Eu não queria e tinha medo de voltar a estar apaixonada,
Porque amar me traz de novo receios de sofrer
Sim, amor
Mas tu entraste sem eu querer e sem notar na minha vida
E dei por mim, pensando em ti, a sonhar e já rendida,
como ar puro que respiro e que me faz renascer.

ELE
Sim, amor
Tuas palavras foram um mar preenchendo o meu vazio,
Foram a chama que aqueceu o meu corpo tão frio,
O teu sorriso foi o sol que iluminou o meu caminho.
Sim, amor
Tu és agora presença constante nas minhas ideias,
tu és o sangue latejante que corre em minhas veias,
mesmo contigo ausente nunca mais me senti sozinho.

ELA
Sim, amor
Eu dou por mim a questionar todos os meus passos,
Só quero acordar envolta no carinho meigo dos teus braços,
Deixar-me ser tua e viver apenas cada momento.
ELE
Sim, amor
Também só quero deixar-me levar na minha doce loucura
Vestir-te de beijos, de tanto amor, de paixão e tanta ternura,
pois não consigo controlar este meu sentimento


ELE
Sim, amor
Já não consigo ficar sem o teu sorriso, sem ouvir a tua voz
Todos os verbos se conjugam agora apenas em nós,
pois só contigo tudo em mim volta a fazer sentido
ELA
Sim, amor
Também só quero aceitar sem questionar, o que a vida me der
pois só contigo voltei a ser inteira, totalmente mulher
mesmo que saiba que este sonho pode ser proibido.

ELE E ELA
Sim, amor
Ambos sabemos que este amor é tão puro e tão estranho,
nem entendemos o porquê deste sentimento sem tamanho
nem nos importa hoje quanto tempo ele vai durar.
Sim, amor
De mãos dadas seguiremos, vivendo apenas este presente,
Dando um ao outro tudo o que cada um de nós sente,
pois mais que tudo o melhor, é poder te amar


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O MEU PIANO (tema escrito inspirado na imaginação de Rita Guerra a tocar piano e a cantar)

Nas teclas deste piano,
eu conto os dias do ano,
em que vivo, e em que sonho,
com um grande amor.
Em cada acorde que dou,
me descubro no que sou,
uma melodia, uma poesia,
de um tema por compor.

E as palavras cantadas,
nas notas que são tocadas,
dizem tanto dessa ausência,
desse sentimento em mim.
Porque só cantar acalma,
este tormento da alma,
Neste palco minha vida,
onde vou cantando assim.

Meu piano, confidente,
só tu sabes o que o meu coração sente...
Meu piano, confessor,
companheiro das minhas histórias de amor.

Os amores que eu amei,
ao quais eu tanto me dei,
São hoje histórias,
e memórias tão ternas do meu passado,
Foram canções que eu cantei,
pelos palcos que pisei,
nos aplausos da plateia,
a quem escondo meu outro lado.

Sonho agora, talvez um dia,
nas palavras duma poesia,
encontrar as notas certas,
para dizer numa canção.
Que o meu piano toca a dor,
de querer ter um novo amor,
que me faça então sonhar
e cantar com emoção.