Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

TANTA GENTE E NINGUÉM....

No areal da praia, já não encontro o meu mar,
apenas areia molhada, como lágrima cansada,
numa noite inteira a chorar.
Já não há sol brilhando na água em prata,
que vai aquecendo a vida num terno calor.
Há apenas o silêncio, que tortura e mata,
há impaciência, há desgosto, há dor.
Ausência que se avoluma, em realismo,
corpo desequilibrado à beira do abismo.
Já não há nada, não há tempo, não existo...
Sou página de livro não lido,
que à fúria do tempo não resisto.
Os ponteiros do relógio persistente,
que teimam em querer parar....
Ali, na multidão, tanta gente,
e ninguém me vê chegar.
Há uma gaivota que passa gritando,
talvez também procurando o meu mar...
Há um coral, se desfazendo,
como um sonho que vai morrendo,
por já não saber sonhar.
Há tanta gente que passa apressada,
numa pressa que eu nem entendo....
Gente sorrindo, fingindo, não compreendo.
Parecem meros figurantes,
dum filme da vida em comédia....
Tanta gente, tão diferente,
não há amantes, só tragédia.
Já não posso deitar-me e tapar-me com a água,
das ondas que vinham cobrir-me de sal.
Fiquei tão só, mergulhado na mágoa,
na inquietação infinita dum solitário natal.
E nem sei se as vozes que oiço chamando,
estão na verdade a chamar por mim....
porque as pessoas passam e eu vou ficando,
nas lágrimas contidas que nem vou chorando,
mas que se acumulam sem fim.
Já nem vejo o meu mar, na noite se escondeu.
E não me interessa essa gente, que vai e que vem....
Eu sou filho do vento, sou só sofrimento,
para quê tanta gente se eu não tenho ninguém.


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