Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

domingo, 20 de outubro de 2019

Vem acordar comigo...

Passam os minutos, as horas, os dias,
Meço no tempo a distância
Que me vai separando de ti...
E contudo, sinto-me tão perto,
Tão constante, tão presente,
Porque embora o corpo ausente,
Sinto o que nunca senti.
Sou tão teu, tu és tão minha...
Sou teu rei, minha rainha,
Sou teu vento, minha andorinha,
Sou a noite e tu... Luar.
Eu sou a praia, e tu... O mar.
És em mim o complemento
Que sempre em mim faltou...
Eu sou em ti o momento
Em que a vida nos encontrou.
Tu és tudo, eu sou nada,
O quanto somos não importa,
Na rua parecemos tão pouco,
Porque o mundo anda louco,
E não sabe que somos tanto
Ao fechar a nossa porta.
Somos o cadeado cerrado
Que teima em não se abrir...
Somos o incenso queimado
Em rosas sempre a florir...
Somos a lágrima lambida
No sorriso que a faz extinguir...
Somos unos na incerteza
De não saber o vem depois...
Mas tão certos que o que venha
Será vivido a dois.
Dói a distância, a saudade,
Dói o tempo, dói a verdade,
Dói o querer o que não se tem...
Dói chorar, dói amar,
Dói sentir falta de alguém.
E mesmo ao estar sozinho
Oiço-te sempre dizer baixinho
O que adoro, mas é castigo,
- O teu lugar é aqui,
Vem para o pé de mim,
Vem acordar comigo.

Já não tenho tempo

Já não tenho tempo...
A vida passou tão depressa,
E eu nem vi no tempo a vida a passar.
Olho apenas para trás
E apenas consigo ver
Um filme a preto e branco
Do que a minha vida foi.
Quem me dera ter tempo
Para rebobinar o passado
E voltar às estradas,
Às encruzilhadas,
Às opções que fiz,
Aos caminhos que escolhi,
E poder escolher novamente...
Mas não há tempo,
E a vida não é assim...
O tempo que me resta
É o que ainda vive em mim.
Nem sequer sei,
Se outros caminhos tivesse escolhido,
Se outras opções tivesse feito,
Estaria agora mais satisfeito
Na espera de viver o resto de tempo
Que ainda sobra até ao meu fim?
Talvez. Nunca o saberei.
Sei apenas que amei.
Que me dei ao que vivi.
Quantas vezes me vi morto?
Quantas vezes eu renasci?
Quantas lágrimas eu chorei
Para chegar até aqui?
Quantas vezes eu errei
Julgando mesmo estar certo...
Quantas vezes me perdi
E me encontrei num deserto...
Quantas vezes ficou noite
Mesmo com o sol a brilhar...
Quantas vezes eu sorri
Com tanta vontade de chorar....
Foi outro tempo...
Outro tempo sem tamanho
Tempo que agora não tenho
Para poder divagar
Pois o tempo, embora lento,
Vai-nos levando o alento
Para o tempo que fica a faltar.
Não me arrependo de nada,
Nem sequer do que sofri.
Essa foi a minha estrada
Bem ou malfadada
Que me trouxe até aqui.
E agora que me resta?
Será que o tempo me empresta
Um pouco de tempo mais?
É que há sempre algo por fazer
Que ainda não terminou
Há uma certeza de morrer
Que dentro do corpo se cravou
E o tempo, esse tempo,
Como tão rápido passou.
Sei que já tenho menos tempo
Do o tempo que eu já gastei,
Mas do tempo, à minha frente,
Quanto tempo resta não sei.
Mas se acaso tiver tempo
Para amar, ser amado,
E tentar ser feliz ou louco talvez...
Então direi ao tempo,
Que o tempo só a pena
A lutar pela vida outra vez.


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A TRISTEZA NO TEU OLHAR


Eu não te quero ver triste...
Porque me faz doer a alma,
Porque me incendeia a mente,
Porque ver-te descontente,
É maior que a tristeza em mim,
É como dor que perdura
Sem ter cura, sem ter fim.

Eu não te quero ver triste...
Porque és o sol dos meus dias,
Porque és nas noites meu sonhar,
Porque te canto ao luar
Num uivo grato de vida
E ao ver triste esse olhar
É como chorar, em despedida.

Eu não te quero ver triste...
Porque o teu rosto tem luz
Porque é esplendor o teu sorriso,
Porque és como um paraíso
Onde eu quero tanto viver,
Na minha sede, tu és água,
E não mágoa que faz sofrer.

Eu não te quero ver triste...
Porque a vida é mesmo assim.
Porque o melhor da tua existência,
Porque o valor da tua essência,
É o teu maior valor.
A vida pode ser tão boa,
Abre asas e voa, voa, meu amor.

Eu não te quero ver triste...
Porque não sei ver-te chorar.
Porque quero-te resiliente,
Porque te quero contente,
Com tudo o que está por vir...
E conto então estar a teu lado,
Para ver o teu olhar sorrir.




quarta-feira, 24 de abril de 2019

Como dizer o amor....

Eu, tão tolo, apaixonado,
Andei por aí correndo pelas ruas,
Parei em todas as montras
De todas as lojas
À procura do melhor presente para te dar,
Mas nada comprei
Por não me decidir sobre o melhor
Que te pudesse dizer
O quanto eu sinto por ti...

Eu, tão louco, apaixonado,
Depois de te dar o sol,
Esperei a tarde inteira,
Até o dia se vestir de noite,
E sorrateiramente trepei ao céu
E roubei algumas estrelas,
E até roubei a lua,
Para que elas te iluminassem
No caminho que vem até mim
E de alguma forma dissessem
O quanto eu sinto por ti...

Eu, tão perdido, apaixonado,
Corri por todas as praias
Procurando nas areias infinitas
Uma pista que me levasse
A encontrar o teu mar...
Encontrei-o! Levei-o comigo!
Sabia que te levava a paz,
A tranquilidade e o sorriso calmo...
Mas no fundo o que eu queria
Era que ele te dissesse
O quanto eu sinto por ti...

Eu, tão obcecado, apaixonado,
Fui a mil bibliotecas
Procurei em mil prateleiras
Todos os livros de poesia.. .
E roubei de todos eles
Todos os poemas de amor...
E de todos os romances apaixonados
Roubei os finais felizes,
Com a esperança que percebesses
O quanto eu sinto por ti...

Eu, já cansado, mas tão apaixonado,
Andei pelos jardins do mundo
Colhi as flores mais lindas
Num ramo tamanho de um abraço
E roubei rosas vermelhas
Para te cobrir o corpo de pétalas
Nesse agradável e suave odor...
Tudo isso porque eu queria
Na minha louca fantasia
Que alguma forma te explicasse
O quanto eu sinto por ti...

Eu, frustrado, mas sempre apaixonado
Pensei que ao dar-te tanto
Te diria tudo o que vai em mim
Te diria o quanto eu sinto por ti...
As palavras que eu,
Nem como poeta sei dizer...
E tu, simplesmente,
Seguraste a minha mão
E num silêncio estranho
Onde o mundo não tem tamanho
Olhaste fixamente no meu olhar. ..
Tranquilo, feliz, só então eu percebi
Que nada havia a explicar...
Nada preciso dizer...
Basta sentir, e... Ficar.
Basta ficar, e. . Viver.


quarta-feira, 13 de março de 2019

Se é por amor...

Se é por amor... vai!
Larga tudo e vai!
Porque o relógio não para
e a vida não espera por ti
Porque o amor é coisa rara
que dá vida e mata
que chora e que sorri
Porque se não fores,
com coragem,
Jamais conhecerás
o destino dessa viagem.

Se é por amor... corre!
Faz as malas e corre!
Porque o comboio não espera
que te decidas a correr,
Porque a vida é uma fera
é ainda bem mais bera
para quem tem medo de viver.
Porque se não correres,
então nunca saberás,
nesse risco de viveres,
o que a vida te traz.

Se é por amor... chora!
No teu silêncio chora!
Porque só o amor verdadeiro,
pode fazer-te chorar,
Porque o amor só é inteiro
mesmo que passageiro
na dor que não sabes calar.
Porque as lágrimas retidas
É dor que nunca acalma
Serão eternas feridas
a rasgar-te o corpo e a alma.

Se é por amor... muda!
Olha-te no espelho e muda.
Porque só o amor ensina
o que não se quer aprender.
Porque mudar é uma sina
que a vida nos destina
mesmo sem querermos ceder.
Porque o medo da mudança
é pior do que sofrer
é um viver sem esperança
na apatia de um ser.

Se é por amor... arrisca!
Experimenta e arrisca!
Porque não é pecado sonhar
nas asas da ilusão
Porque a vida é para ousar,
sem termos de nos guiar
sempre na voz da razão.
Porque o tempo escasseia
Ele voa como o vento.
Vai-se a vida e volta e meia
só fica arrependimento.

Se é por amor... enlouquece!
Faz tudo e enlouquece!
Porque não há melhor loucura
do que a vivida por amor.
Porque o sabor da aventura,
de abraçar a ternura
apazigua qualquer dor.
Porque só é mesmo louco
quem à solidão se condena.
Se for por amor, tudo é pouco.
Mas se não fôr por amor, não vale a pena.




terça-feira, 12 de março de 2019

O mais simples poema de amor

O mais simples poema de amor
Não tem frases, nem palavras.
Não se pode ler, nem declamar...
Ele cabe no brilho do teu sorriso.,
É o tanto e o tão pouco que preciso
Na inexplicável sensação ao te olhar
Mas assim me julgo poeta
Nesta forma louca de te amar.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Pré Obituário

Quando eu morrer, que dirão de mim?
Alguns, talvez poucos,
lembrar-se-ão de como amei,
dos meus princípios, dos meus valores,
dos meus choros, dos meus sorrisos,
das minhas lutas, das minhas dores,
dos meus verdadeiros amores...
Outros, talvez muitos,
falarão do que não entenderam,
dos passos que eu dei desbravando vida,
criticarão o que não perceberam,
Julgar-me-ão certamente também,
por algum erro que cometi,
e não por tudo que fiz de bem,
falarão daquilo que viram,
e não da verdade que de mim ouviram.
Mas, para ser sincero,
nada disso me importa...
Quando a morte me bater à porta,
que cada um julgue o que quiser...
Que não chorem aqueles
que nem sequer se importaram
com o que em vivo eu senti.
Que não tragam flores aqueles
que nunca souberam que sementes plantei,
quais árvores cuidei, que plantas cheirei...
Que não venham de negro vestidos,
de ar triste e imensamente sofridos,
para se despedirem de mim
aqueles que nem nunca souberam
as vezes que estive tão perto do fim.
Porque tudo isso me revolta,
a hipocrisia fácil e banal,
por isso a todos esses, por favor,
não vão ao meu funeral.
Sejam, pelo menos uma vez,
e pela ultima vez, sinceros comigo.
Ao meu lado, quererei apenas,
aqueles que algum dia, de alguma forma,
se sentiram amados por mim.
Mesmo que não me tivessem amado...
Porque fazem parte do que fui,
São um pedaço de mim.
E a esses, eu peço, que celebrem a vida,
na hora da minha morte,
que se lembrem apenas que ali estão,
porque o amor é o mais forte.
Que tragam música, poesia,
ilusão, fantasia,
que se abracem em festa,
e que levem para o resto das vossas vidas,
esse gesto de amor que eu em vida deixei em vós.
Que entendam o amor....
Que não tenham medo da verdade...
Ficarão esses certamente com saudade,
com a mesma saudade que eu já sinto antes de partir.
Mas, como sempre tenho dito,
só morrerei definitivamente,
quando morrer a última pessoa que se lembre de mim...
Continuarei vivo naqueles que me amam...
Não sei quanto tempo tenho...
Quanto tempo terei...
Não sei da vida o tamanho,
nem se poderei ainda dar felicidade a alguém
Consciente de que o que me sobra
é certamente muito menos do que já vivi
E é pena, pois sinto-me cada vez mais sábio,
mais apto para viver...
Mas não há nada a fazer.
Lembrem-se por favor,
que para mim sempre foi,
e será sempre pouco necessário...
Apenas amor,
E no meu obituário
se quiserem identificar quem eu sou...
Escrevam apenas, e tão só...
Aqui Jaz, um homem que amou...