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Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

domingo, 20 de outubro de 2019

Já não tenho tempo

Já não tenho tempo...
A vida passou tão depressa,
E eu nem vi no tempo a vida a passar.
Olho apenas para trás
E apenas consigo ver
Um filme a preto e branco
Do que a minha vida foi.
Quem me dera ter tempo
Para rebobinar o passado
E voltar às estradas,
Às encruzilhadas,
Às opções que fiz,
Aos caminhos que escolhi,
E poder escolher novamente...
Mas não há tempo,
E a vida não é assim...
O tempo que me resta
É o que ainda vive em mim.
Nem sequer sei,
Se outros caminhos tivesse escolhido,
Se outras opções tivesse feito,
Estaria agora mais satisfeito
Na espera de viver o resto de tempo
Que ainda sobra até ao meu fim?
Talvez. Nunca o saberei.
Sei apenas que amei.
Que me dei ao que vivi.
Quantas vezes me vi morto?
Quantas vezes eu renasci?
Quantas lágrimas eu chorei
Para chegar até aqui?
Quantas vezes eu errei
Julgando mesmo estar certo...
Quantas vezes me perdi
E me encontrei num deserto...
Quantas vezes ficou noite
Mesmo com o sol a brilhar...
Quantas vezes eu sorri
Com tanta vontade de chorar....
Foi outro tempo...
Outro tempo sem tamanho
Tempo que agora não tenho
Para poder divagar
Pois o tempo, embora lento,
Vai-nos levando o alento
Para o tempo que fica a faltar.
Não me arrependo de nada,
Nem sequer do que sofri.
Essa foi a minha estrada
Bem ou malfadada
Que me trouxe até aqui.
E agora que me resta?
Será que o tempo me empresta
Um pouco de tempo mais?
É que há sempre algo por fazer
Que ainda não terminou
Há uma certeza de morrer
Que dentro do corpo se cravou
E o tempo, esse tempo,
Como tão rápido passou.
Sei que já tenho menos tempo
Do o tempo que eu já gastei,
Mas do tempo, à minha frente,
Quanto tempo resta não sei.
Mas se acaso tiver tempo
Para amar, ser amado,
E tentar ser feliz ou louco talvez...
Então direi ao tempo,
Que o tempo só a pena
A lutar pela vida outra vez.


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