Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

GRITO DE AMOR

Eu gritava, ninguém me ouvia....
Talvez porque o meu grito, era mudo, calado,
Por outros gritos já cansado,
Rasgando as entranhas do meu ser...
Num peito dorido, ofegante,
Quase vencido, quase delirante,
que sofrendo, teimava em viver.

Eu gritei, ninguém me ouviu...
Nem a escuridão da noite, nem a luz do dia,
Nada apaziguava essa agonia,
nem me libertava a voz presa na garganta...
Procurava meu espaço, tão perdido,
Um simples abraço, mesmo fingido,
cinismo que dói, mas breve, encanta.

Eu gritava, ninguém me ouvia...
Mas dentro de mim, queria calar esse grito,
que me enlouquecia, me deixava aflito,
como louco perdido na sua cruel loucura...
Que estúpido destino, que raio de sorte,
era como peregrino caminhando para a morte,
procurando o descanso da sepultura.

Eu gritei, ninguém me ouviu...
Cansado, sem resposta, fugindo da dor, da vida,
Ensaiei até ao pormenor a despedida,
Num desejo sedento de encontrar paz.
Inerte e desesperado, então vencido,
Meu corpo prostrado, já tão ferido,
nem pensar, era ele já capaz.

Calei o meu grito, alguém me ouviu...
Alguém que no silêncio, me soube escutar,
que ouviu o meu grito, apenas no meu olhar,
e que olhando apenas, me acalmou...
E nos passos incertos, sem rumo, sem fim,
Vi uns braços abertos, esperando por mim,
e descansando em seu peito meu grito se calou.

Calei o meu grito, foste tu quem me ouviu...
Curaste-me as feridas com ternura e paixão,
Fizeste bater de novo o meu velho coração,
e com paciência me reensinaste a respirar...
Hoje ainda grito, mas já não grito de dor....
Agora o meu grito, é um grito pleno de amor,
Gritarei para sempre, por ti, por te amar.