Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

sábado, 31 de outubro de 2015

A PORTA DO MONTE

Aquela porta do monte,
pequenina, tão velhinha,
onde tantas vezes passei...
Onde me fechava dos medos,
onde escondia segredos,
nos tempos em que brinquei...
Como castelo dourado,
da mais pura fantasia
Esse tempo, tão passado,
quando eu era soldado
da minha imaginação,
e nas searas de trigo,
enfrentava o inimigo
mas facilmente me escondia,
Onde o vento, lentamente,
quase se tornava gente,
num ondulante sussurrar,
nesse amarelo dourado,
em jeito de mar crispado,
em que adorava navegar.
E corria pelo campo,
de Alentejo pintado,
saciando meu desejo,
e já tarde, ao fim do dia
era então que fugia
para o refúgio de um beijo.
Dos braços que me esperavam,
nessa portinha do monte
que ternamente me abraçavam,
despedindo-me do horizonte.
E já o sol se deitava,
e a porta ainda aberta,
deixava espreitar a lua,
e eu vinha olhar a rua,
já com saudades do dia,
Mas uma voz me dizia,
que era hora de dormir,
Que o sol me brindaria,
com um radioso despertar,
com os pássaros a cantar,
chamando-me para a brincadeira.
E de novo eu seria,
herói das minhas histórias,
com triunfos e cheio de glórias...
E hoje, passado o tempo,
ficam as minhas memórias....
E a porta, tal como eu,
também envelheceu,
hoje vejo-a abandonada.
Já mal abre, e mal pintada,
mas mantém o seu papel.
Foi a porta dos meus sonhos,
portão do meu quartel.
Quimeras de uma criança,
guardadas com a esperança,
de quem sabe, talvez um dia,
Olhar de novo esse horizonte
sentado à porta do monte
que me deu tanta alegria.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Aqui, neste mar ....

Sim, é aqui, neste mar
que eu te quero encontrar
que eu te quero dizer
o quanto eu gosto de ti....
Que eu te quero ewxplicar
esta falta inexplicável
que fazes em mim.

Sim, é aqui, neste mar
Que me quero entrelaçar
em teus dedos.
E murmurar-te ao ouvido
o mais secreto dos meus segredos.

Sim, é aqui, neste mar
Que te quero abraçar e dizer,
que deste outra razão ao meu viver.
Que nasceste, como a lua, ao anoitecer.
E despertaste uma galáxia
de estrelas cintilantes em mim.

Sim, é aqui, neste mar
que me quero sentar a teu lado
e ficar quieto e calado,
tão apenas a sentir,
como se não houvesse passado,
apenas, o que está para vir.

Sim, é aqui, neste mar
que te quero olhar de frente
e reencontrar novamente
o melhor que há dentro de mim.
E encarar este presente
como um principio sem fim.

Sim, é aqui, neste mar
Que quero voltar a ser criança
como quem sonha e alcança
a sua mais linda quimera
e voltar a sentir esperança
agradecer pela espera.

Sim, é aqui, neste mar
que espero poder responder
ao porquê de te querer tanto.
Porque entraste no meu viver,
estando o meu corpo em pranto?
E agora, sem ti, não sei ser,
és a música do que eu canto.

Sim, é aqui, neste mar
que juntos descobriremos,
o que nos une afinal....
Se o que somos, o que temos,
será mesmo especial...
Ou afinal, porventura,
estarei eu de novo a sonhar???
Mas, sim, será sempre aqui,
neste mar.

Navegar em mim....

Esta nostalgia,
que me cria,
a ondulação do mar.....
Neste vai-vem sem fim,
neste borbulhar,
neste marejar
tal como os dias
que nascem e morrem
dentro de mim.
E as areias, molhadas,
onde se cruzam pegadas,
sem destino, sem direcção,
como perguntas guardadas,
que faço ao meu coração.
E a leve brisa,
que a preceito,
me acaricia o rosto,
e me enche o peito
duma paz que eu gosto.
Procuro-me no azul do mar,
que se confunde com o céu,
e a medo,
em segredo,
procuro quem sou eu.
Escondo a lágrima,
que se diz ser tristeza,
Invento um sorriso,
na minha incerteza,
se quero ou se preciso
ocultar a minha dor
E num gesto impensado
escrevo no chão molhado
o teu nome, com amor.