Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

sábado, 8 de abril de 2017

VAZIO

Há um silêncio que me perturba e me afaga,
apesar do ruído que me rodeia,
ele abraça-me, e fica em mim.
Como canção de embalar...
e eu, deixo-me, quieto, ficar,
no meu silêncio, apenas assim.
Espreito pelas janelas,
não encontro estrelas,
nem sequer o luar....
Deixo-me apenas estar....
Estranho, não me reconheço....
Não me entendo...
Não quero saber o que mereço,
Não sei  o que pretendo...
Tudo é calado, sem côr...
Nem sei se é desgosto se é dor....
Não sei nada, mesmo nada,
e acho que nem quero saber.
Esgares de sorriso no rosto,
como laivos de loucura.....
Irónica ou sarcástica tortura
do que em mim dói e faz sofrer.
Será cansaço? Será fadiga?
Ou  sou apenas cantiga
de escárnio e mal dizer?
Será luto? Sim, talvez luto,
de algo que eu mim morreu...
Terá sido a réstea de esperança?
Ou aquele sonho teimoso,
que apesar de tudo,
em mim permaneceu....
Sei que me sinto incompleto....
Algo desapareceu de mim....
Como se eu fosse um jardim,
donde roubaram a última flor.
e a àgua que a regava,
era o amor, o amor, ai o amor....
O mesmo amor que me guiou....
O sentimento que me destroçou,
minha razão de ser homem,
de ser, de viver, de estar....
É pesado o meu fardo,
já não o consigo carregar.
É meu fado, malfadado, meu destino,
que começou em menino,
a cruzar-se no meu caminho.
Foram lutas, derrotas,
lágrimas choradas sozinho.
Como guerreiro em batalha,
nunca parei de lytar
mas cansa, e desgasta, a quem falha,
viver sempre a falhar.
Agora, é outra hora.
O passado está lá atrás....
Mas teima sempre em voltar,
para me atormentar,
para me roubar a paz.
Eu quis apenas ser eu!!!!
Nunca quis ser o que sou....
Mas que interessa?
Já pouco importa.
Se a derradeira porta,
atrás de mim se fechou...
Que silêncio....
Não sinto nada....
Nem sono, nem fome,
nem choro, nem rio....
Sinto apenas....
Vazio....