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Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

sábado, 21 de novembro de 2015

PARTIREI...

Levei a vida inteira de malas feitas na mão,
como nómada errante vagueei de lugar em lugar.
Ficava apenas o tempo em que durava a ilusão,
de que alguém me queria o suficiente para eu ficar.

Nessa busca constante e a fugir do passado,
Longo foi o caminho, dura foi a minha viagem.
E de tanto amar e nunca me sentir amado,
reencontrei-me sempre na minha mais pura coragem.

Como um condenado que cumpre ciente sua pena,
aceitei meu destino, sem sequer me queixar.
Como um actor esperava, paciente nova cena,
e voltava sempre ao palco para de novo actuar.

Mas a vida tão dura, que a mim me foi tão cruel,
quase não me dava tempo, para de novo me erguer.
Quando ainda na boca me sabia amargo a fel,
e já vinha outra dor, outro novo sofrer.

Só a fé me erguia para de novo eu caminhar,
apesar do meu cansaço e da tortura na alma.
Precisava de um ombro onde me encostasse a chorar
onde a dor repousasse, quando o corpo se acalma.

Foi o amor que me deu a força e a esperança,
pensando eu que da vida, algo melhor eu mereço.
Carregando na mala o meu sonho de criança,
por pedaços do sonho, paguei caro seu preço.

E hoje parto novamente sem saber onde vou,
sem saber quanto tempo, nem onde pernoitar.
Levo comigo apenas, ao amor que me dou,
empurrões pelas costas que me fazem andar.

E olhando para trás, tudo o que amei e perdi,
são a força da dor com que me encontro e me sei.
Porque a bem ou a mal, eu sempre me ergui,
e de malas na mão de novo eu partirei.



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