Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Desencanto!



Ah!.... Esta chaga que me arde no peito,
que me trespassa a carne e me incendeia a alma...
e que nem a chuva, escorrendo, a preceito,
não tem jeito, não acalma...
não dá tréguas, nem um só dia...
e a vida, desajeitada agonia
que se desperdiça em mim,
Que me rouba todo o desejo,
que me morre num beijo...
Já não sou ousadia, já não sou amante!
Poeta louco, transtornado, delirante,
dos poemas que a vida me fez!
E o que antes era altivez,
é agora meu caminho errante.
Abro os braços e só encontro vazio,
e abraço o céu, cinzento, frio,
como se em mim se deitasse,
e sabendo-me de malas feitas,
o infinito me esperasse...
Já não sinto o sangue correr nas veias....
Já não sinto quase força para me reerguer...
Sou como um lobo de morte ferido,
que uiva pela noite dentro sem sentido,
pressentindo que vai morrer!
Já não tenho onde guardar mais dores....
Já não sei amar mais amores....
Já não sei, amar mais do que amei,
não posso dar mais do que dei,
sem pedir nada para mim...
Resta-me o orgulho de não ter medo do fim!
Que me perdoem os que magoei!
Porque eu já perdoei ao mundo,
por tudo o que sofri!
Como um cisne, meu último canto,
minha lágrima, meu sorriso, meu desencanto,
Já nada faço aqui!
Parto com meus eternos principios,
meus conceitos, meus valores!
Não vou triste, vou satisfeito,
levo no meu peito os meus amores!
E, se alguém, um dia,
Porventura se lembrar de mim,
Que escrevam em meu epitáfio,
"Homem, poeta, amante, do mundo diferente,
que não se encontrando em si como gente,
preferiu ser coerente até ao fim!"
Não espero de ninguém,
nem lágrimas, nem pranto,
seria cinismo a mais!
Prefiro que honrem a voz do meu canto,
Que respeitem o meu desencanto,
nos meus momentos finais!

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