Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

PAUSA

 A cada dia que passa, morro um pouco.

Não sei se me morre mais a alma,

se me morre mais o corpo...

Ou será um devaneio de estar a ficar louco?

E por estranho que pareça a vida parece parada...

Como um livro esquecido na biblioteca

com a última página arrancada.

Não acontece vida...

Não acontece sonho...

Não acontece nada!

Já não sei o que pensar, o que sentir...

Limito-me apenas a ser, a existir.

E nem um raio de sol me tira da escuridão,

nem uma festa no rosto me aquece o coração.

É como um estranho efeito,

que algures perdeu sua causa.

Será virtude? Será defeito?

Ou será só a vida em pausa?

A vida parece suspensa, mas o tempo ainda corre.

Entretanto vai-se o meu tempo, na vida que em mim morre.

Agarro-me a pequenos sonhos,

a todos os que quero e amo,

Mas afinal nos meus gritos,

É por mim próprio que chamo.

Onde será que eu fiquei?

Onde será que me perdi?

Nas canções que eu não cantei?

Ou nos poemas que não escrevi?

Como num autocarro em viagem, 

não sei em que paragem sair...

Sigo apenas uma miragem,

Mas não encontro em mim coragem,

para sequer me decidir.

Estarei eu em pausa , como a vida?

Introspectivo, em reflexão?

Tentando perceber os caminhos

procurando ser mais forte,

para quando chegarem novos ventos,

possa usufruir dos momentos,

que ainda me distanciam da morte.

Estou em pausa. Estou parado.

Estou sem futuro, sem passado.

Apenas consigo este poema escrever.

Palavras que me atropelam a mente,

e que jamais as saberei dizer.

Ah... Que saudade de um sorriso...

Daqueles em que sorrimos inteiros.

Inteiro, é o que eu me preciso,

seja na plenitude de um riso,

ou nos meus choros derradeiros.

Quem sabe? Talvez um dia....

Nesta minha pura utopia,

Nesta insensatez de profeta...

Se não me chegar a encontrar,

que alguém me possa chamar,

pelo menos , de poeta.



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