Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

EU NÃO SEI....

Eu não sei de onde venho,

menos sei para onde vou.

Sou saudade sem tamanho,

Não sou nada do que tenho,

pois do ter já nada sou.


Eu não sei qual o lugar,

qual o sitio donde vim.

Sou de onde o céu encontra o mar,

entre azuis a divagar,

na escuridão que há em mim.


Eu não sei do meu passado,

do futuro eu menos sei.

Sou do presente alheado,

Sou a letra de um fado,

de versos que não cantei.


Eu não sei o que eu quero,

nem se ganhei ou perdi.

Se sou falso ou sincero,

sou a voz de um ser austero,

na liberdade que vivi.


Eu não sei dos meus caminhos,

Em que estradas caminhei.

Sou como velhos pergaminhos,

guardando segredos, sózinhos,

pelas pedras que eu pisei.


Eu não sei do meu destino,

se me dará o que eu quis.

Se dos sonhos de menino,

há um homem em desatino,

na insensatez do que fiz.


Eu não sei mais o que faço,

o que deva ainda fazer.

Sou a sombra de cada passo,

na solidão do abraço,

onde me quero esquecer.


Eu não sei se sou poeta,

se sou das palavras orgia.

Sou a curva numa recta,

sou a certeza incorrecta,

sou metáfora da poesia.


Eu não sei se ainda desejo,

nem sei de mim a verdade.

Se me quedo, ou se almejo,

na sofreguidão de um beijo,

disfarçar minha ansiedade.


Eu não sei quanto vivi,

Quanto tempo cá ficarei.

Sou os sonhos que padeci,

onde algures me perdi,

e nunca mais me encontrei.

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