Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

PREGUICITE AGUDA

Havia um certo rapaz

que era de tanto capaz,

sem precisar de ajuda.

Mas coitado, logo à nascença,

apareceu-lhe uma doença,

a preguicite aguda.


De manhã a mãe chamava

mas ele não se levantava,

queria ficar a dormir.

Porque não gostava da escola,

Mas para ir jogar à bola,

despachava-se a fugir.


Na escola ficava amuado,

por vezes até zangado,

não queria aprender.

Até dizia um nome feio,

Mas na hora do recreio,

lá ía ele a correr.


Era uma dor de cabeça,

Quando se sentava à mesa,

na hora de almoçar.

Até gostava da comida,

Mas engolia de fugida,

Com preguiça de mastigar.


Era só quês e porquês,

pra fazer os TPCs

Quando a casa chegava.

A vontade era tão pouca,

Que a mãe ficava louca,

e todo o dia ralhava.


O pai, ao qual tinha mais respeito,

falava-lhe então a preceito,

Num tom sério e vagaroso:

Filho, tu tens tanta virtude,

Mas tens de mudar de atitude

deixar de ser preguiçoso.


Ele respondia que sim,

Mas conversa chegada ao fim,

Voltava tudo à mesma.

Qualquer coisa que fazia,

era sempre uma agonia,

tão veloz como uma lesma.


Mas que doença terrível,

parecia quase impossível,

Encontrar-lhe uma cura.

A preguicite é tramada,

nunca deixa fazer nada,

e há tanto tempo que dura.


O rapaz lá foi crescendo,

tantos problemas foi tendo,

tantos males lhe aconteceu.

Até que um certo dia,

o rapaz, por ironia,

a preguiça entendeu.


Percebeu que na verdade,

se mostrasse mais vontade,

No que tinha de fazer.

Ganhava mais simpatia,

e sendo bom no que fazia,

era bem fácil vencer.


Agora, já homem feito,

o rapaz estudou direito,

e num doutor se tornou.

Mas ainda vive a lembrança,

da preguicite de criança,

que só ele próprio curou.

1 comentário: