Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A CAIXA DE LÁPIS DE CÔR

Numa caixa de cartão colorida,

Em manchas de aguarela.

Vinte e quatro lápis davam vida,

a uma bonita janela.


Viviam ali tão encostadinhos,

muito quietinhos sossegados.

Sempre bem arrumadinhos

e pelas cores ordenados.


Esperavam ansiosamente

para fora da caixa saltar.

Para quando alguém finalmente

precisasse deles pra pintar.


Por vezes enquanto esperavam

longas conversas mantinham.

Sobre as cores com que pintavam,

e as qualidades que tinham.


O verde, com certas manias,

disse sem qualquer subtileza:

-Sou a cor das pradarias,

e da flora, da natureza.


O amarelo já irritado,

não conseguiu aguentar.

-O que seria de ti verde coitado,

sem o meu sol a brilhar.


O castanho, num tom pomposo,

rapidamente respondeu:

- Eu sou a terra e um tronco grosso,

onde toda a vida nasceu.


Não és assim tão importante!

Disse o azul sem hesitar.

Eu vou muito mais distante,

pois sou o céu e o mar.


O vermelho disse com fervor:

-Dividam lá isso a meias.

Pois sou a cor do amor,

e do sangue que corre nas veias.


O laranja, mais pedagogo,

disse ao vermelho, encarnado.

Como serias tu cor do fogo,

sem laranja misturado.


O Rosa em jeito de vaidade,

educadamente disse assim:

Sou a cor da felicidade,

nas flores de um jardim.


Mas o branco, que até então,

Só tinha ouvido, calado.

- Eu sou a cor da razão,

sou o branco imaculado.


Logo o preto não gostou,

e disse no seu sábio dizer:

-Só graças ao contraste que dou,

alguém em ti pode ler.


O cinzento não se conteve,

deu uma gargalhada e depois:

- Que graça que cada um teve,

Eu sou a mistura do dois.


O roxo, que era baixinho,

disse um pouco envergonhado:

-Sei que sou pequenininho,

mas porque fui mais usado.


O verde claro, gaguejando,

disse sincopando os sons:

-Eu-eu-eu que-que-ria ver-ver-vos pin-pin-tando

sem-sem ha-haver os Mei-meios tons.


Depois de alguns dissabores

de conversas de rivais.

Perceberam então as cores

que diferentes, são iguais.


Como seria o mundo todo escuro,

Como seria o planeta todo claro.

Com cores se pinta o futuro,

num abraço de sonho e amparo.


Seja grande, seja pequeno,

Com diferenças, como a gaguez.

Só juntos num mundo sereno,

se pinta tudo aquilo que vês.


Porque nada importa o que temos

nem a diferença ou a cor.

Mas todos juntos valemos,

um mundo pintado de amor.



1 comentário:

  1. É sempre um grande problema quando tantos lápis se juntam numa só caixa de lápis de cor.
    Muito giro! Segue em frente!
    Bjos

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