Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

ALENTO

Há em mim um não sei quê de esquisito,
Há um grito silencioso e aflito,
Incapaz de dizer ou de falar.
Uma amálgama confusa de sentimentos,
Um indecifrável turbilhão de pensamentos,
Como se a noite viesse para perdurar.

Os sonhos, que há muito já partiram,
nas agruras dos dias se diluiram,
Sendo agora a miragem de eternos desejos.
Erroneamente não sei o que me conduz,
Se nem no fundo do túnel vejo a luz,
Como posso das palavras fazer beijos?

Sinto-me gasto, cansado e ferido,
Como se estivesse perdido,
Dentro do ser que há em mim.
Procuro-me naquilo que eu era,
Como um sol sem Primavera,
num Outono que não tem fim.

Restam-me as palavras que rascunho,
Em jeito de um testemunho,
de tudo o que estou a sentir.
Para disfarçar a verdade,
na esperançosa eventualidade,
de alguém as querer ler ou ouvir.

Como posso saber do que sou feito,
se fui tantas vezes refeito
às circunstâncias da vida?
Como se encontra a bonança
numa constante mudança
leviana e indefinida?

Tantos caminhos, tantas estradas,
foram tantas encruzilhadas,
em que o destino me colocou.
Tantas lágrimas escondidas,
nas noites tão mal dormidas,
que o sofrimento secou.

Mas teimoso, segui viagem,
nem sei com que coragem,
pois só queria desistir.
O amor! O amor foi a razão,
pela qual meu coração,
tentava ainda sorrir.

Mas estou farto, cansado,
de tentar esquecer o passado,
e construir um novo eu.
O que não mata, desgasta,
e apetece dizer basta,
à vida que me venceu.

Eu nem me sei já exprimir...
Oh vida! faz-me sorrir,
traz-me sorrisos no vento.
Sei que pareço um louco,
Mas só te peço mais um pouco
de paciência e de alento.




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