Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Tão só em mim...


Rasgo de mim meu ventre em carne viva,
procurando essa dor que me atormenta,
essa chaga que já não me motiva,
e que tantas vezes à morte me tenta.

Mutilo meu corpo dando-me ao castigo,
de ser o meu erro de mim criado,
Queimo a boca nas palavras que digo.
como poema insólito de mim abortado.

Cravo punhais neste pensamento,
nestas ondas de sangue por meu corpo a fluir.
Arranco os olhos e nem tenho um lamento
pois eles não fecham e não me deixam dormir.

Corto meu cérebro com lâmina afiada
para ver se acabo com este maldito pensar.
Mas quando penso em não pensar em mais nada,
nem sequer o silêncio me deixa calar.

Olhos as mãos que sendo minhas me matam,
que me inflingem pecado e me roubam prazer.
dessamarro as veias que ao meu corpo me atam,
e deixo da carne o meu sangue correr.

E os restos de mim que encontro ao espelho,
São pedaços do homem que ainda me chama.
Porque pior que morrer ou ir ficando velho,
é a solidão de saber que já ninguém nos ama.

Porque a vida que transporto neste meu peito,
não a mereço nem dela terei saudade.
Se em vida não lhe encontrei o jeito,
talvez a morte seja a minha liberdade.

Se algum dia então alguém se lembrar de mim,
que diga que fui poeta, fui amante, sonhador.
Que espalhem que fui um homem que até ao fim,
desejava tão só da vida um gesto de amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário