Novidade

Brevemente, além de leres poderás ouvir os meus poemas e prosas recitados por mim e com fundo musical.

terça-feira, 22 de março de 2016

O velho barco

Eu era como um barco atracado
tristemente preso no cais....
Que após tão longas viagens,
já não navegava mais.
Ali estava, balançando,
ao sabor da maré,
como quem embala nos braços
o sono de um bébé.
Talvez parado no tempo...
Talvez parado no espaço....
Conformado, cansado,
velho barco em sua fadiga,
poema de qualquer cantiga,
ou verso de um triste fado.
As cordas que me prendiam,
com nós dados a preceito,
as dores que me escondiam,
principios que em mim viviam
de dedicação e respeito.
Velho barco, velho sonho,
que nunca ousaste sonhar.
Porque as lágrimas que choravas,
eram águas em que navegavas,
diluídas num imenso mar.
Só a noite te entendia....
Em segredos contados ao luar....
Quando a água em prata refulgia,
 no teu ser se acendia,
um brilho que não podia brilhar.
Até que um dia um raio de sol,
entrou suavemente em teu convés,
e na luz que te inundava,
te mostrou lentamente,
o barco que ainda és.
Como um anjo tão desejado,
vindo em palavras e em voz,
como se tivesse sido ensinado
a desatar todos os teus nós.
Soltou-te e deu-te nova vida,
desejos de novas viagens,
vontades de correr mundo
ir pelo mar mais profundo
em busca de novas paragens.
Velho barco, barco novo,
como é bom ver-te navegar....
Hoje no cais que te deu guarida,
ficou um adeus de despedida,
infindáveis histórias por contar.
Vai barco, leva-me contigo....
Navegando em ti deixa-me sonhar...
Porque é cedo, meu amigo,
e até um barco antigo,
reparado com amor e carinho
pode sempre navegar.

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