Havia um certo rapaz
que era de tanto capaz,
sem precisar de ajuda.
Mas coitado, logo à nascença,
apareceu-lhe uma doença,
a preguicite aguda.
De manhã a mãe chamava
mas ele não se levantava,
queria ficar a dormir.
Porque não gostava da escola,
Mas para ir jogar à bola,
despachava-se a fugir.
Na escola ficava amuado,
por vezes até zangado,
não queria aprender.
Até dizia um nome feio,
Mas na hora do recreio,
lá ía ele a correr.
Era uma dor de cabeça,
Quando se sentava à mesa,
na hora de almoçar.
Até gostava da comida,
Mas engolia de fugida,
Com preguiça de mastigar.
Era só quês e porquês,
pra fazer os TPCs
Quando a casa chegava.
A vontade era tão pouca,
Que a mãe ficava louca,
e todo o dia ralhava.
O pai, ao qual tinha mais respeito,
falava-lhe então a preceito,
Num tom sério e vagaroso:
Filho, tu tens tanta virtude,
Mas tens de mudar de atitude
deixar de ser preguiçoso.
Ele respondia que sim,
Mas conversa chegada ao fim,
Voltava tudo à mesma.
Qualquer coisa que fazia,
era sempre uma agonia,
tão veloz como uma lesma.
Mas que doença terrível,
parecia quase impossível,
Encontrar-lhe uma cura.
A preguicite é tramada,
nunca deixa fazer nada,
e há tanto tempo que dura.
O rapaz lá foi crescendo,
tantos problemas foi tendo,
tantos males lhe aconteceu.
Até que um certo dia,
o rapaz, por ironia,
a preguiça entendeu.
Percebeu que na verdade,
se mostrasse mais vontade,
No que tinha de fazer.
Ganhava mais simpatia,
e sendo bom no que fazia,
era bem fácil vencer.
Agora, já homem feito,
o rapaz estudou direito,
e num doutor se tornou.
Mas ainda vive a lembrança,
da preguicite de criança,
que só ele próprio curou.
Este não comento... estou com preguicite aguda :)
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