Os poetas já não rimam...
Não são como antigamente.
Escrevem palavras que exprimam
e que em si próprios redimam,
tudo o que a alma sente.
Excedem-se no que é metafórico,
Para o que é simples dizer.
Num conjunto bem pictórico,
de frases por entender.
Tal como um pintor abstracto,
que solta pinceladas da mão.
Mas depois tem nobre explicação,
para as manchas que pintou,
E encontra um sentido lato
para algo que visionou.
Já não existem Camões,
Já não existem Arys,
Já não se escrevem canções
com os devidos pontos nos is.
Já não há poemas de Espanca,
nem a beleza de Andrade.
Chora triste a saudade,
sem os poetas de outrora
que brincavam com a rima
numa perfeita harmonia
e na métrica de cada verso
compunham a melodia
que entoava no universo
como verdadeira poesia.
Agora todos são poetas.
Todos querem ser fingidores.
Falsos escritores ou profetas,
que sem aptidões concretas,
rabiscam as suas dores,
ou os seus males de amores.
Como quem canta um fado,
e logo se julga fadista.
Num qualquer poema cantado
sem ter alma de artista.
Ah! Como eu gostava de ser
um poeta verdadeiro.
Ando por aqui a escrever
para tentar perceber
se sou um poeta inteiro.
Escrevo a dor que inquieta...
Escrevo a minha melancolia...
Sem saber se sou poeta,
ou sou frustrada poesia.
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