Sim, estou chorando,
mas ninguém me vê chorar.
Pois é por dentro que eu choro.
Algo me vai matando,
e não consigo mais evitar,
o homem que finjo que ignoro.
Perceber, à minha volta,
Uma contínua indiferença
pelo que eu possa sentir.
Cria em mim uma revolta,
que faz a minha presença,
querer deixar de existir.
Choro assim, calado,
por não saber soltar o grito,
que se me prendeu na garganta.
Canto assim, meu fado,
poema de angústias aflito,
que já sequer ninguém canta.
Serei tapete de entrada,
onde todos vão pisando,
e onde esfregam os seus pés.
Eu sou gente, não sou nada,
respeitem quem vai suportando,
Todos os vossos pontapés.
Choro sim, é verdade
porque um homem também chora,
e não é vergonha homem chorar.
Vergonha, na realidade,
é aqueles que indo embora
magoam quem tem de ficar.
Choro, talvez purgando,
porque a dor não se controla,
e o meu corpo já está vencido.
Se eu me vou chorando,
Que sejam lágrimas, não esmola,
Lágrimas de um homem sofrido.
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